Jair Messias Bolsonaro já mostrava inclinações aleatoriamente destrutivas quando ainda era membro do exército. Tentou explodir bombas no seu quartel e foi expulso do Exército, quando na verdade deveria ter sido enviado a uma instituição psiquiátrica
Seu discurso no estilo metralhadora giratória conquistou um vasto número de seguidores, sem que se consiga saber exatamente porque. Nos anos 1950 um rinoceronte do zoo de SP foi eleito vereador. O que isso significa? Significa que o sistema como um todo está errado e tem que ser denunciado de alguma forma. E que forma melhor do que botar um rinoceronte na Câmara Municipal de SP?
A colocação de Bolsonaro na Presidência do Brasil guarda semelhanças com o caso do rinoceronte. O sistema está todo errado, e portanto botar um doente mental na presidência deve produzir um abalo sísmico no sistema, e esperançosamente deixar entrever alguma reforma capaz de melhorar as coisas da vida difícil dos brasileiros que trabalham para viver. Enfim, destruir tudo para começar de novo do zero. Nas grandes discussões políticas dos séculos 19 e 20 essa atitude recebeu o nome de niilismo, derivada do latim nihil, que significa o nada.
Bolsonaro, como todos os psicóticos, pode ser muito sagaz na persecução de suas fantasias, e foi exatamente isso que aconteceu. Se Bolsonaro não conseguia mostrar o que estava errado, passou a mostrar o que lhe parecia ser a solução. Em primeiro lugar veio a liberação geral do porte de armas que, e sua opinião. garantiria a segurança do cidadão. Nisso, ele afirmava nas entrelinhas que o Estado era incapaz de oferecer a segurança necessária contra os 'animais criminosos'. O que faltou afirmar foi que a pior insegurança que os cidadãos tem que enfrentar são as forças policiais de vários tipos, que rotineiramente abusam de seu poder e transformam a vida das pessoas normais num inferno humilhante.
Mesmo assim a tese vazia de Bolsonaro teve eco em milhões de seguidores, o que levanta o velho provérbio que diz ser a dominação dos povos baseada no tripé ignorância, medo e obediência.
É preciso dizer que Bolsonaro foi eleito em 2018 porque Lula estava preso e inelegível. E porque estava preso? Hoje sabemos que isso é fruto de uma articulação entre o judiciário de Curitiba e o Departamento de Estado dos EUA. Muito dinheiro fluiu para isso, e num certo ponto ficou claro que o conluio era ilegal e Lula foi solto para vencer Bolsonaro em 2022. Quando ficou claro para Bolsonaro e alguns de seus assessores mais fiéis que Lula era uma ameaça real à continuidade de Bolsonaro na presidência, a idéia de um golpe começou a tomar forma. Isso não era segredo algum, e o governo dos EUA chegou a advertir Bolsonaro contra qualquer atividade anti-constitucional. Os príncipes da política externa dos EUA ficaram surpresos com a insistência de Bolsonaro na tentativa de golpe, e isso lhes foi de grande desagrado. Contatos com o STF deram a entender que um grande rigor do judiciário contra os golpistas estava na ordem do dia.
A violência irrompeu com a invasão de prédios do governo em Brasília, com cenas francamente nojentas. A invasão foi facilitada por alguns comandantes militares e policiais, na crença de que o apoio popular queria isso mesmo. Mas o golpe foi amadorístico, com planejamento deficiente e crenças falsas. Forças legalistas não tiveram dificuldades para prender centenas dos invasores e depredadores.
Desse ponto em diante vem a descrição das investigações sobre a tentativa de golpe. Dezenas de assessores civís e militares de Bolsonaro estão na lista dos investigados por crime contra a Constituição, e milhares de invasores e depredadores estão sendo julgados pelo mesmo crime, e a pena mais comum tem sido 17 anos de prisão.
Visto com conhecimento do que já aconteceu, a idéia geral que fica é francamente cômica. Os bolsonaristas que depredaram os prédios de Brasília estão estupefatos com suas penas de prisão. Afinal, o STF não tinha percebido que o golpe era de mentirinha? E que a depredação dos edifícios era só 'uma manifestação pacífica para um Brasil melhor'? O STF levou tudo isso muito a sério, o que levou os bolsonaristas a acusar uma suposta 'ditadura do STF'. Como se pode ver, eles tem um fraco entendimento da Realidade.
À medida em que o tempo passa novos crimes de Bolsonaro e seus assessores vem à tona, tornando a prisão próxima de Bolsonaro provável. Entra em jogo a 'anistia' desejada pelos golpistas, que não compreendem que anistia só tem sentido quando sentenças já passaram em julgado. Eles usam a palavra anistia como apagamento do registro dos seus crimes, mesmo antes dos julgamentos. Como já dito antes, é cômico.
Integrantes do sistema golpísta agora se acusam uns aos outros na esperança de obter penas menores, mostrando que o arcabouço do golpe era feito de papel machê e que os golpistas tinham muito pouco conhecimento do significado de sua conspiração.
Tudo isso está perfeitamente de acordo com a expulsão de Bolsonaro do Exército por problemas mentais. É incrível que uma confusão tão grande tenha origem numa coisa tão pequena.
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